O webinar, promovido pelo GPRO FIA Business School, apresentou uma análise aprofundada sobre a implementação e a atuação de Escritórios de Projetos (PMOs) no setor público. O palestrante, Tácito, com vasta experiência em gestão de projetos e PMOs, tanto no setor público quanto no privado, compartilhou sua jornada e insights valiosos. Ele enfatizou que a implantação de um PMO em ambientes governamentais vai além das metodologias, exigindo visão sistêmica, habilidade política e um foco inabalável na entrega de valor à sociedade. O evento também abordou as particularidades do gerenciamento de projetos público versus privado, a evolução de PMOs, e um estudo de caso detalhado do PMO do Estado de Santa Catarina (EPROGE), seguido por um enriquecedor período de perguntas e respostas.
PMOs eficazes: a primazia da entrega de valor sobre o rótulo.
A estratégia para otimizar o financiamento e a continuidade.
Em uma questão levantada por Renan sobre a imprevisibilidade de recursos no setor público, Tácito explicou uma boa prática do EPROGE: a criação de um “banco de projetos”. Essa iniciativa permitia que órgãos cadastrassem ideias e projetos, mesmo que não totalmente estruturados, para que, quando surgissem janelas de oportunidade ou recursos (como emendas parlamentares), houvesse um cardápio de projetos prontos para serem financiados de forma mais assertiva.
Compreendendo as necessidades para uma entrega de valor efetiva.
A GPRO FIA Business School, com sua expertise consolidada em Gestão de Projetos e parte da renomada FIA Business School há 40 anos, continua a ser uma vanguarda na formação de gestores de projetos em todas as áreas. Mensalmente, a instituição promove webinars que abordam temas cruciais para o ambiente corporativo e governamental. O mais recente desses eventos, intitulado “PMOs no Setor Público: Como Estruturar e Entregar Valor”, foi um verdadeiro mergulho nas complexidades e oportunidades da gestão de projetos em órgãos governamentais.
O webinar, conduzido pelo experiente Tácito, buscou desmistificar a implantação e a manutenção de um Escritório de Projetos (PMO) em ambientes governamentais, um desafio que, segundo a introdução do evento, “vai muito além das metodologias, requer visão sistêmica, habilidade política e foco inabalável na entrega de valor”. A palestra prometeu e entregou estratégias para engajar lideranças, criar trilhas de capacitação, institucionalizar boas práticas, articular múltiplos stakeholders e garantir que os projetos estejam alinhados às políticas públicas e entreguem valor real à sociedade.
Tácito iniciou sua apresentação contextualizando sua vasta experiência. Com mais de 13 anos em gestão de projetos, dos quais mais de uma década dedicada especificamente a PMOs, ele teve a oportunidade de implementar diversos Escritórios de Projetos em organizações públicas e privadas, contribuindo significativamente para a melhoria de processos e o gerenciamento de portfólios em áreas diversas como engenharia, meio ambiente e tecnologia. Engenheiro sanitarista e ambiental de formação, Tácito especializou-se em gestão de projetos e obteve certificações de alto nível, como PMP e PMO CP, esta última específica para PMOs.
Um dos pontos de destaque em sua carreira foi o reconhecimento em 2022 com o PMA Excelência Awards por um projeto voltado ao setor público, o primeiro seminário de gestão de projetos realizado em Santa Catarina pelo PMI. Atualmente, ele atua como consultor de PMO na prática de infraestrutura e prioridade de capitais na Deloitte, além de ser vice-presidente do PMI de Santa Catarina e professor/autor focado em gestão de projetos no setor público.
Sua jornada no setor público começou em 2020, na Secretaria de Estado da Administração Prisional e Socioeducativa de Santa Catarina. Lá, seu objetivo era implementar um PMO, o que envolveu um planejamento minucioso, diagnóstico e ações para aumentar a maturidade daquele órgão. Esse trabalho o levou a se juntar ao time do PMO do Estado de Santa Catarina (EPROGE), onde atuou por mais de dois anos, revisando metodologias de gestão de projetos, apoiando treinamentos e gerenciando portfólios. Paralelamente, Tácito estruturou uma diretoria no PMI focada no setor público, realizando eventos e produzindo conteúdo relevante para o segmento. Em 2023, contribuiu para a criação de um comitê de governo no PMI a nível nacional, visando expandir as lições aprendidas e o sucesso obtido em Santa Catarina.
Tácito foi enfático ao afirmar que:
“não existe uma receita de bolo” para a implantação de um PMO, pois cada contexto e empresa têm suas particularidades. No entanto, ele apresentou modelos de implantação que, apesar de variarem no número de etapas, compartilham similaridades.”
O modelo de Blockam inclui dez etapas: diagnóstico de maturidade, identificação de um patrocinador (considerado fundamental para acesso e apoio), determinação das funções e serviços do PMO, definição de papéis e responsabilidades da equipe, preparação de um plano de comunicação, elaboração de um plano de projeto de implementação, obtenção de recursos financeiros e humanos, criação ou ajuste de metodologia, implementação de ferramentas de gestão e, por fim, um projeto piloto antes do rollout amplo.
Outros modelos, como o de Rui Pinto e o PM Value Ring, foram brevemente mencionados para demonstrar que, embora com diferentes ênfases, as etapas são análogas. O PM Value Ring, por exemplo, começa com o entendimento das dores da empresa, passa pela definição de funções e um “mix” de funções (curto e longo prazo), estabelecimento de processos e indicadores, definição da equipe e suas competências, identificação da maturidade, cálculo do ROI do PMO e acompanhamento do desempenho estratégico. A mensagem reforçada foi que a adaptação da literatura e das melhores práticas ao contexto e à realidade de cada organização é crucial.
Uma parte substancial do webinar foi dedicada às diferenças cruciais entre a gestão de projetos nos setores público e privado. Tácito apresentou um quadro comparativo claro:
Apresentando um caso prático, Tácito detalhou a trajetória do EPROGE (Escritório de Projetos do Estado de Santa Catarina). Criado em 2013 para gerenciar um programa de investimento de R$ 10 bilhões em diversas áreas, como educação, saúde e infraestrutura, o EPROGE evoluiu. Em 2017, tornou-se o Escritório de Projetos do Estado e, em 2019, foi integrado à estrutura governamental. Suas competências foram regulamentadas em 2020 e, após algumas realocações, hoje está integrado à Secretaria de Planejamento.
As atribuições do EPROGE incluem:
Fomentar a criação de um banco de projetos para oportunidades futuras.
Auxiliar no planejamento de projetos prioritários.
O processo de implementação dos NPIs nos órgãos do estado envolveu:
Além do EPROGE, Tácito citou outros PMOs de destaque. A nível nacional, mencionou o governo do Estado do Espírito Santo, cujo PMO foi premiado como o melhor do Brasil em 2023. Outros exemplos incluem o Banco Central, o Ministério da Ciência e Tecnologia, o Superior Tribunal de Justiça, a FUNASA, e empresas como SEMIG, COPEL e Celesc, além de diversas prefeituras.
No cenário internacional, destacou o Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita, a companhia de óleo da Líbia, a companhia de energia de Ontário (Canadá) e a prefeitura da Cidade do Cabo (África do Sul), todos reconhecidos com o PMO Global Awards.