A recuperação de projetos é uma competência indispensável no panorama corporativo atual. Prazos que se dilatam, escopos que perdem nitidez e equipes que demonstram sinais de desmotivação são desafios recorrentes que podem desviar a trajetória de profissionais que almejam liderança e reconhecimento.
Nesse contexto complexo, a capacidade de identificar, intervir e reverter cenários críticos não é apenas um diferencial, mas uma exigência estratégica.
Reconhecendo essa urgência e a necessidade de um framework de turnaround objetivo, elaboramos este material como um guia prático e embasado, projetado para oferecer uma metodologia clara e acionável, permitindo estabilizar projetos e transformá-los em resultados alcançáveis em um período de 90 dias.
É fundamental discernir entre problemas pontuais, inerentes à complexidade de qualquer iniciativa, e a condição de um projeto em crise.
Um projeto em crise vai além das dificuldades comuns; ele se encontra em uma trajetória de falha iminente, onde a perda de controle sobre escopo, cronograma e orçamento já é significativa. São desvios que comprometem fundamentalmente sua viabilidade.
A avaliação da saúde de um projeto requer uma análise precisa. Um dos indicadores mais relevantes é o impacto no caminho crítico, a sequência de atividades que define a duração total do projeto.
Quando essas atividades atingem uma “folga total” igual a zero, qualquer atraso subsequente se propaga diretamente para a data de entrega final. Observar a rede lógica e identificar essa ausência de folga é um sinal inequívoco de que o prazo final está comprometido, exigindo uma reavaliação imediata e proativa da situação.
Nossa experiência e pesquisas demonstram que as causas de um projeto em crise são frequentemente recorrentes e previsíveis. Entre as raízes típicas que impulsionam um projeto para a falha, destacam-se:
Diante de um projeto em crise, uma das decisões mais desafiadoras é determinar o caminho a seguir. Afinal, vale a pena recuperar?
Essa avaliação envolve uma análise fria e objetiva de custo-benefício, alinhamento com as prioridades estratégicas da organização e a urgência do cronograma. Ignorar ou adiar essa decisão pode gerar perdas ainda maiores.
Embora o método formal para essa deliberação seja detalhado em seções posteriores, reconhecer a necessidade de um critério de corte claro é o primeiro passo para uma gestão eficaz da crise.
A experiência nos ensina que raramente uma crise de projeto emerge sem aviso prévio. Há sempre uma série de micro-sinais, por vezes sutis, que se acumulam progressivamente até que a estrutura do projeto não consiga mais sustentá-los.
A capacidade de um gestor de identificar esses sinais de alerta em projetos precoces é o que distingue uma abordagem reativa, que apaga incêndios, de uma postura estratégica e preventiva.
No âmbito operacional e financeiro, os sinais de alerta em projetos manifestam-se de forma concreta.
Atrasos recorrentes na entrega de produtos ou na resposta a clientes são indicativos claros de ineficiência, muitas vezes acompanhados por uma superestimação de receitas e subestimação de custos.
Ou seja, é essencial medir o desvio do cronograma, o consumo de orçamento versus o valor agregado e a taxa de retrabalho. Medidas paliativas, como descontos para compensar falhas ou a busca por prazos mais longos sem uma revisão estrutural, são frequentemente análogas a “prescrever aspirina para um paciente enfermo”. Elas tratam o sintoma sem atacar a causa.
A saúde de um projeto é intrinsecamente ligada ao bem-estar e engajamento da equipe. Quando observamos funcionários desmotivados, atuando no “modo automático”, ou uma clara desconfiança na liderança, estamos diante de um sério alerta vermelho.
A repetição de comportamentos de risco, o improviso constante nos processos internos e a falha de comunicação interna são sintomas de uma crise de moral e de cultura que, se não endereçada, transforma-se em um risco estrutural, comprometendo a produtividade e a coesão.
A credibilidade junto aos stakeholders é um ativo valioso que pode ser erodido silenciosamente.
Reclamações frequentes de clientes, a queda no engajamento nas mídias sociais ou mesmo o silêncio e o desengajamento de parceiros estratégicos apontam para uma clara perda de confiança.
Esta “hemorragia” de credibilidade, se não contida, pode explodir em uma crise de reputação, dificultando a continuidade do projeto e o apoio necessário.
Para auxiliar na identificação e compreensão desses sinais, recomendamos a aplicação de uma mini-matriz de triagem.
Esta ferramenta permite organizar as observações, conectando um sintoma específico (por exemplo, custos crescentes) a sua causa provável (orçamento subestimado), visualizando o impacto imediato (desperdício de capital) e sugerindo uma ação diagnóstica apropriada (análise de causa raiz, avaliação de valor agregado).
Este método estruturado facilita a transformação de observações em insights acionáveis, guiando o gestor para as intervenções mais eficazes.
A falha na detecção de uma crise incipiente, em muitos casos, não reside na ausência de sinais de alerta, mas na interpretação ou na inação diante deles.
Organizações e equipes desenvolvem uma tendência perigosa de se habituar a pequenas falhas, ignorando avisos velados, geralmente entendem que “sempre aconteceu e contornamos”, o que de forma alguma é um atestado de resiliência, mas sim um potente sinal de normalização de desvios, mascarando uma vulnerabilidade crescente.
Este comportamento cria uma “crise invisível”, onde a aceitação de que a falha é parte da rotina permite que os desvios se somem até se tornarem insustentáveis e, finalmente, explosivos.
A quebra do ciclo da normalização de desvios exige uma abordagem intencional e sistemática, sem, contudo, paralisar a operação. É um processo de reeducação cultural e de implementação de mecanismos que garantam a visibilidade e o tratamento adequado dos desvios. Para isso, são essenciais:
Para combater ativamente a normalização de desvios e promover uma cultura de vigilância e melhoria contínua, propomos um checklist rápido de higiene de processos:
Implementar essas práticas ajuda a mudar a percepção da equipe e da liderança, transformando a complacência em proatividade e garantindo que os sinais de vulnerabilidade sejam tratados antes que se tornem crises irreversíveis.
Quando um projeto atinge um estágio de crise, a tentação de implementar “consertos incrementais” é grande. Contudo, essa abordagem raramente é suficiente para reverter uma trajetória de falha iminente.
O que se faz necessário é um verdadeiro turnaround de projetos. Em outras palavras, uma virada estrutural que difere significativamente de ajustes pontuais.
Adotar a lente do turnaround significa ir além da otimização marginal, buscando uma transformação radical para recolocar o projeto em um patamar de sucesso sustentável.
A recomendação de especialistas, como os da McKinsey, é que um turnaround de projetos deve ser tratado como uma crise.
Essa mentalidade, embora possa parecer drástica, é fundamental para acelerar decisões e remover o ruído organizacional.
Em um cenário de crise real, a urgência é palpável, e a necessidade de ação decisiva se sobrepõe a burocracias e discussões periféricas. Ao enquadrar a situação como uma crise, a liderança adquire a autoridade e o senso de propósito necessários para implementar mudanças profundas, sem as amarras que muitas vezes atrasam iniciativas em contextos de “normalidade”.
Isso força uma consideração completa de todas as opções, incluindo aquelas que desafiam o status quo ou os planos originais.
A aplicação de uma mentalidade de turnaround de projetos altera profundamente a dinâmica interna.
Em um turnaround, a gestão do escopo e dos recursos exige uma abordagem mais pragmática. Um quadro de decisão estratégico se torna essencial para determinar o destino dos componentes do projeto:
Esta distinção clara permite que a equipe de recuperação concentre seus esforços nas áreas que trarão o maior impacto, afastando-se da mentalidade de tentar salvar tudo e abraçando a necessidade de escolhas estratégicas difíceis.
O Project Management Institute (PMI), uma das maiores autoridades globais em gerenciamento de projetos, oferece uma abordagem sistemática e comprovada para a recuperação de projetos.
Este método formal delineia uma sequência lógica de passos, guiando os gestores desde o reconhecimento da crise até a formalização do encerramento. É central para este processo a figura do “Recovery Manager” ou “Project Trouble Shooter”, um profissional crucial que assume a liderança da intervenção.
A nomeação de um “trouble shooter” ou “Recovery Manager”, muitas vezes externo ao projeto ou mesmo à organização, é uma etapa estratégica e de grande valor, porque sua visão externa e imparcial é fundamental para diagnosticar a situação sem o viés emocional ou a bagagem histórica do time original.
Este profissional pode identificar as causas-raiz de forma mais objetiva, propor soluções inovadoras e tomar decisões difíceis com maior autonomia. Sua chegada sinaliza um compromisso sério com a mudança e a recuperação, e a atuação desse especialista pode ser decisiva para o sucesso do turnaround.
Uma fase crítica no processo é a auditoria da situação. Este não é um momento para atribuir culpas, mas sim para realizar uma investigação forense e objetiva, cujo foco reside em encontrar as verdadeiras causas-raiz dos problemas, em vez de se prender apenas aos sintomas visíveis.
Utilizamos ferramentas como a Análise de Causa Raiz (RCA) e técnicas como os 5 Porquês para desvendar as camadas superficiais e chegar ao cerne da disfunção. Somente ao compreender profundamente o “porquê” da crise é possível planejar intervenções que sejam eficazes e duradouras.
Com base na auditoria e na identificação das causas-raiz, o próximo passo é a criação de um plano de recuperação realista, culminando no que chamamos de re-baseline formal.
Este é um novo plano-base que redefine metas, prazos, escopo e a alocação de recursos, sempre com o objetivo de restaurar a viabilidade do projeto. A chave para não perder aderência está no engajamento e aprovação formal de todos os stakeholders.
Este processo assegura que o novo plano seja compartilhado, compreendido e aceito por todos os envolvidos, estabelecendo uma nova direção clara e um novo ponto de partida para o projeto.
É um compromisso renovado com o sucesso, fundamentado em uma avaliação honesta da realidade.
A fase final do processo de recuperação de projetos com base no PMI é o encerramento, que vai além da simples conclusão das atividades de restauração. Após a estabilização, é vital formalizar o fim da fase de recuperação com a documentação das lições aprendidas. Esta etapa é crucial para evitar recaídas e fortalecer a resiliência organizacional.
Analisamos o que funcionou, o que não funcionou, as causas da falha original e as estratégias bem-sucedidas de intervenção. Essas lições são então incorporadas às práticas de gestão de projetos da organização, transformando a crise em uma oportunidade de aprendizado e aprimoramento contínuo, reforçando nossa capacidade de lidar com futuros desafios.
Em um cenário de crise, o escopo do projeto se torna um campo de batalha. A pressão para entregar algo, mesmo que reduzido, é imensa, e a tentação de “salvar tudo” pode ser paralisante. Nesses momentos, a priorização de escopo em crise é fundamental.
A inovação reside em tratar as entregas e funcionalidades de um único projeto como se fossem um portfólio, utilizando frameworks tradicionalmente aplicados em nível corporativo para tomar decisões pragmáticas sobre o que deve ser cortado, mantido ou acelerado, garantindo assim a recuperação e o foco em quick wins de alto impacto.
O McKinsey 7-S Framework, reconhecido por sua aplicação na análise organizacional, oferece uma lente valiosa para diagnosticar a natureza do desequilíbrio em um projeto em crise.
Este modelo nos permite ir além dos sintomas superficiais e identificar se a raiz da falha está nos elementos “hard” (Strategy, Structure, Systems – Estratégia, Estrutura, Sistemas) ou nos elementos “soft” (Shared Values, Skills, Style, Staff – Valores Compartilhados, Habilidades, Estilo, Equipe).
Por exemplo, um problema de atraso pode ser causado por um sistema de planejamento defasado (hard) ou por uma liderança ineficaz na gestão de conflitos (soft).
Compreender essa distinção é crucial para direcionar as ações de priorização de escopo em crise e as intervenções corretivas.
O Gartner TIME Model, originalmente desenvolvido para gerenciar portfólios de aplicações, pode ser adaptado de forma muito interessante para a priorização de escopo dentro de um único projeto. Ao invés de aplicações, categorizamos as funcionalidades ou entregas do projeto em quatro quadrantes de decisão:
Esta abordagem força uma decisão estratégica e pragmática sobre o que é verdadeiramente vital para a estabilização do projeto, combatendo a tendência de manter funcionalidades periféricas que drenam recursos.
A Matriz BCG, outra ferramenta de gestão de portfólio, também pode ser customizada para cuidar de escopos em crise ao analisar os itens do backlog do projeto. Classificamos as entregas ou funcionalidades com base em seu potencial de “crescimento” (impacto na recuperação do projeto) e “participação de mercado” (facilidade de implementação e valor imediato):
Ao aplicar essas lentes estratégicas, você passa a tomar decisões baseadas em dados e impacto, transformando a complexidade do backlog em um plano de ação claro e eficiente e direcionando o projeto para a recuperação.
A eficácia de uma intervenção reside na agilidade e na clareza do plano de ação. Nossa experiência e estudos indicam que 90 dias representam um período ideal para a recuperação de projetos, pois equilibram a urgência de uma ação decisiva com o tempo necessário para implementar mudanças estruturais e observar os primeiros resultados de estabilização.
Este cronograma permite uma abordagem focada e intensiva, dividida em fases estratégicas, que detalhamos a seguir.
Os primeiros 15 dias são dedicados a uma auditoria imparcial e profunda. O objetivo primordial é parar o projeto para conduzir um diagnóstico rápido e sem emoção, que se concentra em descobrir as causas-raiz dos problemas, e não em atribuir culpa.
A identificação de gargalos, etapas que limitam a produtividade de todo o processo, é central nesta fase.
Primeiro, mapeamos visualmente todas as tarefas sequenciais do projeto; em seguida, avaliamos o tempo necessário para cada tarefa e sua capacidade de produção; por fim, medimos a demanda de trabalho que cada etapa recebe.
O gargalo se revela onde a demanda consistentemente excede a capacidade. Ferramentas como os 5 Porquês e o Diagrama de Pareto são aplicadas para aprofundar a Análise de Causa Raiz (RCA) e priorizar as intervenções com maior impacto.
Com o diagnóstico concluído, os próximos 15 dias são críticos para ações de contenção imediata, inspiradas na analogia médica de “Stop the Bleed”. O foco é deter as perdas em todas as frentes, financeira, de moral da equipe e de credibilidade junto aos stakeholders.
A comunicação é vital neste período. Nas primeiras 48 horas após o reconhecimento da crise, é imperativo que a liderança do projeto ou o Recovery Manager assumam a responsabilidade e forneçam uma explicação abrangente, crível e sincera aos stakeholders críticos.
É preciso admitir a crise, apresentar o plano de ação inicial e reafirmar o compromisso com a recuperação. A clareza e a transparência contêm a “hemorragia” de confiança e estabelecem a base para a reconstrução da credibilidade.
Além disso, congelamos gastos não essenciais e focamos na gestão de crise do fluxo de caixa, enquanto a comunicação interna e externa é intensificada para gerenciar expectativas e reengajar a equipe.
Com as perdas contidas, o período de 31 a 60 dias marca o “grande reset”, focado no replanejamento completo do projeto. Isso envolve a renegociação de escopo, prazo e orçamento para a criação de um novo plano realista, o re-baseline.
A seleção de quick wins é estratégica para esta fase. São soluções de fácil, rápida e econômica implementação, capazes de gerar um impacto positivo e visível.
Para escolhê-los, priorizamos funcionalidades ou entregas que demonstrem alto valor agregado para o cliente ou para o negócio e que, ao mesmo tempo, exijam baixo esforço e tempo de execução.
Esses quick wins servem como motivadores psicológicos, restaurando a confiança e o momentum do projeto, enquanto testamos as mudanças em pequena escala por meio do framework PDSA (Plan, Do, Study, Act).
O novo plano, com a renegociação validada e os quick wins definidos, deve ser formalmente aprovado por todos os stakeholders.
Os últimos 30 dias do playbook concentram-se no fortalecimento da estrutura de apoio e na governança intensiva, assegurando que o projeto não retorne à zona de perigo e entre em uma fase de estabilização.
Para evitar a “fadiga de reuniões” (meeting fatigue) e, ao mesmo tempo, garantir uma governança eficaz, a cadência do Comitê Diretor (Steering Committee) deve ser otimizada.
Recomendamos reuniões quinzenais focadas em decisões estratégicas, resolução de impasses e alocação de recursos, complementadas por acompanhamentos semanais mais breves e orientados por KPIs. Isso mantém o alto nível de supervisão sem sobrecarregar a equipe.
Durante este período, reforçamos o monitoramento de indicadores-chave de desempenho (KPIs) de estabilização, como o Índice de Desempenho de Custo (CPI), Índice de Desempenho de Prazo (SPI) e métricas de qualidade.
O Steering Committee assume um papel ainda mais crítico, garantindo o alinhamento contínuo com os objetivos estratégicos da organização e o gerenciamento proativo dos riscos.
Ao final deste período, o projeto deve apresentar um novo plano-base aprovado e evidências claras de desempenho aceitável, sinalizando o sucesso da recuperação do projeto.
Em qualquer cenário de crise, a engenharia de processos e as metodologias estruturadas são indispensáveis. Contudo, a verdadeira alavanca que destrava o turnaround de projetos reside no fator humano.
A liderança na recuperação de projetos e a forma como a comunicação é gerenciada são tão críticas quanto o plano técnico. O comportamento da liderança não apenas molda a moral da equipe, mas também estabelece a narrativa de mudança, inspirando a confiança necessária para superar os desafios.
Uma questão delicada e estratégica na liderança na recuperação de projetos é a permanência daqueles que estavam à frente do projeto durante seu declínio.
A literatura especializada em turnaround corporativo e de projetos sugere que, em muitos casos, a substituição da liderança que “foi dona do declínio” é um movimento estratégico. Embora dolorosa, essa mudança sinaliza para stakeholders internos e externos um compromisso inequívoco com a transformação.
Um novo líder, frequentemente com perfil de “Chief Restructuring Officer” (CRO) ou “Recovery Manager”, traz uma visão imparcial, maior autonomia para tomar decisões difíceis e a credibilidade necessária para redefinir o rumo, focando no que é crítico e na reinvenção.
A comunicação eficaz é amplamente reconhecida como um dos principais motores do sucesso e, paradoxalmente, uma das maiores causas de falha em projetos. Em um contexto de liderança, a comunicação transparente é a ferramenta mais poderosa para reconstruir a confiança, tanto da equipe quanto dos stakeholders.
O GPRO enfatiza a importância de um plano de comunicação de crise bem estruturado, que inclui:
Essa abordagem multicanal e consistente mantém todos informados e engajados, mostrando que a liderança está no controle da narrativa.
A liderança na recuperação de projetos não se resume a emitir diretrizes. É fundamental que os líderes pratiquem a escuta ativa e demonstrem empatia, já que em um ambiente de crise, a equipe e os stakeholders podem estar desmotivados, céticos ou até resistentes às mudanças.
Ouvir atentamente suas preocupações, reconhecer suas frustrações e buscar pontos em comum são passos cruciais para reduzir a resistência. A empatia cria um ambiente mais seguro para a colaboração e para a assimilação das novas diretrizes, ajudando a reengajar aqueles que estão indecisos (fence-sitters) e a alinhar a todos em torno dos objetivos da recuperação.
A habilidade de criar uma “grande história de mudança” que a equipe entenda, traduzindo a visão estratégica em uma linguagem simples e inspiradora, é um diferencial da liderança que almeja transformar o projeto.
Após a implementação de um plano de recuperação de projetos, o desafio se desloca para a mensuração objetiva da estabilização.
Não basta sentir que o projeto está melhor; é preciso comprovar a virada com métricas padronizadas e indicadores robustos.
A fase de saída do modo crítico é caracterizada pela capacidade de monitorar o progresso, prever desvios e garantir que o projeto não apenas se recupere, mas construa uma base de previsibilidade para o futuro.
O Gerenciamento de Valor Agregado (EVM) é o padrão-ouro para monitorar o desempenho de projetos, fornecendo uma visão integrada de escopo, cronograma e custo. Alguns indicadores de estabilização de projetos derivados do EVM são cruciais para atestar a “volta ao controle”:
Atingir e manter esses thresholds (> 0.95) de forma consistente é um sinal claro de que o projeto recuperou a estabilidade em suas dimensões de custo e prazo.
Além dos indicadores financeiros e de cronograma, métricas de qualidade e resiliência são também sinalizam um fortalecimento na capacidade de entrega:
Um projeto estabilizado não é apenas aquele que corrige os problemas passados, mas que também se protege contra futuras recorrências.
Para isso, o monitoramento proativo de riscos é essencial. Avaliamos ativamente o impacto, a probabilidade e a exposição de riscos remanescentes, implementando medidas proativas para mitigar ameaças e aproveitar oportunidades.
Esta vigilância contínua garante que a gestão de riscos não seja reativa, mas sim uma prática integrada e preventiva.
Para garantir a visibilidade e o controle contínuo, sugerimos um painel de estabilização que concentre os indicadores de estabilização de projetos mais relevantes, com acompanhamento semanal:
KPI | Fórmula | O que Mede | Meta de Estabilização (Pós-crise) | Como Acompanhar |
---|---|---|---|---|
Índice de Desempenho de Custo (CPI) | EV/AC | Eficiência de gastos do projeto. | ≥ 0.95 | Comparar o valor agregado ao custo real; acompanhar semanalmente os relatórios financeiros. |
Índice de Desempenho de Prazo (SPI) | EV/PV | Andamento do projeto em relação ao cronograma. | ≥ 0.95 | Comparar o valor agregado ao valor planejado; monitorar o progresso em dashboards visuais (Kanban, Burndown Charts). |
Taxa de Defeitos | N° de Defeitos / N° de Entregas | Qualidade dos entregáveis. | Diminuir em 25% | Acompanhar a porcentagem de retrabalho; realizar testes de qualidade rigorosos. |
MTTR (Mean Time to Recovery) | Tempo total de inatividade / N° de falhas | Resiliência e capacidade de resposta da equipe. | Reduzir em 50% | Monitorar o tempo entre a identificação de um problema e a sua resolução. |
Este painel oferece uma visão clara e quantificável do progresso, permitindo intervenções rápidas e garantindo que o projeto permaneça em sua nova trajetória de sucesso.
Vamos sair da teoria e demonstrar, na prática, como empresas muito grandes se recuperaram de crises.
Ao transpor as lições de turnaround corporativos de grande escala para o contexto de projetos complexos, percebemos que os princípios que orientam a recuperação de organizações inteiras são igualmente aplicáveis para reverter a trajetória de iniciativas em crise.
Esses exemplos históricos oferecem insights valiosos sobre o papel da liderança, do foco estratégico e da inovação.
O caso da Apple no final da década de 1990 é um exemplo clássico e inspirador. À beira da falência, a empresa foi resgatada pela volta de Steve Jobs, que implementou uma mudança radical na liderança e redefiniu o foco da organização.
A principal lição transponível para projetos é a necessidade de uma nova liderança – ou de uma reorientação profunda da liderança existente – e de um foco radical em valor essencial.
No contexto de um projeto em crise, isso significa questionar o status quo, abandonar o que não é fundamental e concentrar todos os esforços em restaurar os valores e o propósito original da iniciativa. É a coragem de simplificar e de direcionar o projeto para o que realmente importa, sacrificando o que for necessário para tal.
Outro exemplo notável é a recuperação da Marvel nos anos 2000.
Enfrentando dificuldades financeiras, a empresa conseguiu se reerguer ao identificar e concentrar seus esforços em seu ativo de maior valor e potencial de retorno exponencial: o universo cinematográfico de seus personagens.
Essa estratégia resultou na criação do Marvel Studios, que revolucionou a indústria do entretenimento.
Para projetos complexos, essa história ensina a importância de uma visão estratégica clara e de um foco implacável. Em um cenário de crise, é crucial identificar os poucos entregáveis ou funcionalidades do projeto que possuem o potencial de gerar um retorno exponencial, seja financeiro, de reputação ou de mercado.
Ambos os casos demonstram que, embora o contexto seja diferente, a essência do turnaround – a liderança forte, a redefinição de prioridades e o foco estratégico – permanece universal e é crucial para o sucesso da recuperação de projetos.
A consultoria em gestão de projetos para recuperação oferece uma série de ganhos que são difíceis de replicar internamente, especialmente sob a pressão de um projeto em declínio.
Os principais benefícios incluem a neutralidade de um olhar externo, a imposição de uma cadência rigorosa, a estruturação de uma governança eficaz e, fundamentalmente, a aceleração das decisões.
Essa intervenção especializada pode encurtar drasticamente o ciclo de recuperação, poupando tempo, recursos e minimizando perdas.
A decisão de acionar uma consultoria deve ser baseada em critérios objetivos que sinalizem a incapacidade ou a dificuldade extrema de resolver a crise internamente. Considere os seguintes pontos:
Quando um ou mais desses critérios são evidentes, o valor de uma consultoria em gestão de projetos se torna inegável, pois ela traz a expertise e a isenção necessárias para uma intervenção eficaz.
Atrasar a decisão de buscar apoio externo é, muitas vezes, mais custoso do que a própria consultoria. Os riscos e o custo de oportunidade incluem:
Se o seu projeto está na “zona vermelha” e você se vê diante de um dilema entre a estagnação e a necessidade de uma virada estratégica, o momento de agir é agora.
O GPRO FIAl, com seus muitos anos de tradição e a credibilidade da vinculação FIA-USP, oferece a consultoria em gestão de projetos que seu desafio exige.
Nossa equipe de especialistas traz uma neutralidade diagnóstica fundamental para identificar as causas-raiz sem emoção. Além disso, podemos desenvolver um roadmap de governança e acompanhamento executivo para assegurar que a recuperação seja sustentável e que seu projeto não apenas saia da crise, mas se fortaleça.
Convidamos você para uma conversa técnica exclusiva com a nossa equipe. Descubra como podemos transformar seus desafios em resultados e colocá-lo no caminho para se tornar o líder que transforma projetos em resultados.
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