As inovações, motores do desenvolvimento global, viabilizam-se nas organizações por meio dos projetos. Quanto maior for o nível de inovação nesses projetos, maior é a probabilidade de existirem incertezas imprevisíveis. A identificação dos sinais precoces de uma mudança permitiria perceber essas incertezas, porém, para o reconhecimento antecipado desses sinais é preciso também dar sentido significado ao que está ocorrendo, pela criação de sentido (sensemaking). Assim, este estudo tem como objetivo principal entender qual é o fator gerador da incerteza imprevisível, quais são os fatores motivadores para sua identificação e quais práticas contribuem para a criação de sentido dessas incertezas em projetos inovadores. Para tal, foi feito um levantamento de campo, de maio a dezembro de 2011, no qual foram utilizados um questionário para se obter informações iniciais sobre os projetos que poderiam ser considerados inovadores e, posteriormente, uma entrevista aprofundada, direcionada por um roteiro com perguntas abertas, com um dos participantes desses projetos. Foram assim enviados 152 convites para gestores de projetos, dos quais apenas 16 projetos atenderam aos requisitos exigidos, transformando-se em unidades de análise. A cada uma dessas unidades foram solicitados, também, pelo menos dois eventos imprevistos, materialização da incerteza imprevisível, obtendo-se a quantidade de 35. Esses eventos imprevistos foram considerados unidade de análise incorporada. A análise dos dados foi inicialmente qualitativa, gerando variáveis e categorias posteriormente avaliadas estatisticamente, por meio de provas não paramétricas. Com base nas análises efetuadas, foi possível observar que o nível mais alto de eficiência na identificação da incerteza imprevisível – perceber a incerteza imprevisível previamente e ter ocorrido o menor impacto a posteriori – apareceu preferencialmente em eventos que contaram com: a percepção do sinal precoce pelo gerente do projeto ou pelo sponsor no início do projeto; a existência de um fator facilitador organizacional; e a utilização de um processo de criação coletiva de sentido. O nível mais baixo de eficiência – percepção tardia do evento imprevisto e existência de maior impacto – ocorreu, de outro lado, em eventos onde havia: causas externas, ausência da percepção de um sinal precoce, presença de um fator bloqueador, identificação com origem nas características pessoais, baixo número de atividades coletivas, entre outras. Como resultaldo, recomenda-se incorporar o diagnóstico da incerteza na gestão de riscos dos projetos, buscar informações sobre as áreas incertas do projeto e interagir para socializar o conhecimento. Futuros estudos ampliados, com um número maior de eventos e projetos, poderão permitir novas associações, assim como gerar um modelo multivariado. O uso de métodos alternativos de gestão de risco em projetos inovadores também se mostra como um relevante tema de pesquisa.