Sensemaking na Inovação: O Caso da Tecnologia Flexfluel na Indústria Automotiva Brasileira

O objetivo deste estudo foi identificar e avaliar a ocorrência do sensemaking em um processo de inovação, em suas várias etapas. Assim, o quadro teórico foi baseado no entendimento do conceito de sensemaking. Para isso, explorou-se o processo de organizing, que é composto por quatro atividades de ciclo contínuo: mudança ecológica, caracterizando a impermanência do ambiente, que gera um sinal ou um evento; legalização (enactment), que entende, cria e determina o significado, sendo fundamental a improvisação; seleção, que reduz os possíveis significados identificados naquele ou naqueles mais plausíveis; e, por fim, a retenção, que armazena o conhecimento gerado. O aprofundamento do conceito de sensemaking foi feito pela descrição de suas sete propriedades: identidade, retrospecção, enactment, social, contínuo, extração de sinais e plausibilidade. Na metodologia foi escolhido o método de estudo de caso, cuja unidade de análise foi o processo de inovação da Magnetti Mareli, em um projeto conjunto com a Volkswagen do Brasil. Foram usadas duas fontes de dados: secundários e primarios. A análise foi feita pelos autores sob a perspectiva do sensemaking, priorizando a Magneti Marelli e, em segundo plano, a Volkswagen do Brasil, identificando cada uma das propriedades do sensemaking em cada etapa, desde o surgimento da idéia até a sua implantação. O resultado da avaliação permite perceber que todas as sete propriedades foram identificadas em cada uma das etapas do processo de inovação, estabelecendo um padrão. Destacou-se a necessidade de flexibilidade nas organizações para a existência de improvisação para a geração da inovação, principalmente nas etapas e fases iniciais de desenvolvimento de produtos. Conclui-se que o sensemaking pode ser relevante para a inovação nas organizações, desafiando a resistência do status quo e dos paradigmas, como ocorreu na tecnologia flexfuel, que atingiu todo o mercado automobilístico brasileiro e mundial, tornando-se uma alternativa dominante, apesar de ainda local. Recomenda-se assim avaliar processos e estruturas organizacionais das organizações envolvidas nas inovações para permitir certo nível de improvisação, por meio da flexibilização, assim como mais estudos específicos quantitativos para a geração de teoria.